LISBOA CAPITAL DO NADA
Marvila 2001
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TERRITÓRIOS DO NADA
Teresa Alves

Entre as diversas formas de organização do espaço emergem os não-lugares, espaços de passagem incapazes de darem forma a qualquer tipo de identidade, definidos por Marc Augé (1992, 1994) são espaços não-relacionais e onde a herança cultural dificilmente pode existir, mas mesmo assim são territórios vividos, se bem que de forma sofrida e, geralmente, em solidão. Vividos por indivíduos que em muitas situações desenvolvem fortes laços de solidariedade, são, no entanto, relações efémeras e voláteis, que existem enquanto aquelas pessoas permanecem naquele espaço e que tal como surgiram, acabam e desaparecem. Na medida em que o número de pessoas com ligações sociais de proximidade altamente precárias, tende a crescer em todos os países, os seus espaços de vivência tendem a expandir-se ocupando novas áreas, tendo deixado há muito de ser um fenómeno limitado aos centros das principais cidades.